Autores: Jackson Zenatti, Pablo Maggi e Roberta Leite
Há pouco tempo atrás, um dos grandes desafios das granjas tecnificadas era elevar um dos principais indicadores de produtividade, o Desmamado Fêmea Ano (DFA), para 30 leitões. Porém com os avanços na genética, nutrição, sanidade, tecnologia e manejo, muitas granjas já ultrapassaram esse número na América Latina e estão atingindo o número de 35 DFA. Neste artigo vamos mostrar que é possível atingir esse número, e que o caminho já não é tão distante.
Para começar, devemos entender o indicador DFA. Ele é formado pelo Parto Fêmea Ano (PFA) e pela Média de Desmamados (MD). O PFA é um indicador chave da reprodução, que nos mostra se estamos aproveitando ao máximo as nossas fêmeas. O PFA médio geral varia entre 2,30 e 2,56, e podemos dividi-lo em dois componentes: os dias produtivos e os dias não produtivos. Os dias produtivos são os dias da fêmea em gestação somado aos dias em lactação. E os dias não produtivos, são os dias em que as fêmeas não estão produzindo, ou seja, não estão em gestação e nem em lactação. Os dias não produtivos são compostos pelo intervalo desmame cobertura (IDC), repetição de cio, aborto, falsa prenhez, morte de fêmeas gestantes e vazias, descarte de fêmeas gestantes e vazias e os dias em que a fêmea está parada. E portanto, o nosso objetivo é minimizar os dias não produtivos que geram essas perdas e também trabalhar a qualidade das nossas informações, a fim de saber verdadeiramente onde está nossa maior oportunidade de melhoria.
Na realidade das granjas de alta produtividade, com 35 DFA, estamos falando de um PFA de 2,50 e isso significa que temos 115 dias de gestação, 21 dias de lactação e 10 dias não produtivos, que somados, geram 146 dias por fêmea por ciclo. Para ter o cálculo exato, dividimos 365,25 (dias do ano) por 146, o que nos dá 2,50 partos por fêmea por ano. Podemos pensar que um DNP de 10 dias é baixo, mas não, muitas granjas de alta eficiência têm hoje, cerca de 6 dias não produtivos.
O que acontece é que estamos acostumados com a nossa normalidade de ineficiência, com 15, 20 ou até mais dias improdutivos e, se pararmos para analisar em detalhes, não é difícil chegar a esse número. O intervalo fisiológico não produtivo da fêmea é de 4 a 5 dias, o que corresponde ao intervalo do desmame até a cobertura. Todos os outros dias não produtivos, são não-fisiológicos e ter estes dias em um nível baixo, depende diretamente do nosso trabalho de gestão dentro da granja.
Por outro lado, ter menos dias não produtivos significa que precisamos ter menos fêmeas ativas para alcançar o mesmo número de nascidos, ou se mantivermos o número de fêmeas, a granja entregará mais leitões no final do ano. Erroneamente pensamos que para entregar mais leitões, precisamos aumentar o número de fêmeas do plantel, mas não, trabalhar para um aumento de produtividade é sempre melhor e mais barato.
No outro lado da conta está a Média de Desmamados (MD), portanto, se tivermos um PFA de 2,50, precisamos de 14 desmamados em média. É um número alto, mas que está chegando muito rapidamente às nossas realidades. Se você perguntar ao fornecedor de genética, eles provavelmente já têm granjas que alcançaram o número de 15 nascidos vivos e algumas outras já passaram desse número. O processo de melhoramento genético é muito acelerado e a evolução é muito mais rápida, por isso devemos estar preparados e pensar na maneira de atingir esses números, já que ter mais leitões é sinal de mais rentabilidade para nossos negócios.
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Hoje os gastos na suinocultura estão cada vez mais altos e está em nossas mãos adotar as estratégias corretas de manejos, nutrição, sanidade entre outros, para conseguir aumentar nossa produtividade e assim, diluir os gastos. Hoje, falamos de 15 nascidos e 14 desmamados, ou seja, estamos falando de uma mortalidade de 7%, que é outro desafio para as granjas de alta prolificidade, desmamar aquele leitão que nasceu com baixo peso. Sabemos que são números desafiadores, porém alcançáveis, e que já são realidade em muitas granjas na América Latina.
Estamos falando de números, portanto, uma informação de qualidade é de extrema importância, e este é outro fator presente nas granjas de alta produtividade. Esse processo se inicia na coleta de dados no dia a dia da granja. E nesta etapa é necessário que a equipe entenda a importância de se ter dados reais e que se possa confiar. Pois a partir deles serão feitas as análises técnicas e o mais importante, tomaremos decisões priorizando as oportunidades diagnosticadas.
Como último ponto de abordagem deste artigo, e que vemos como diferencial das granjas que chegam a estes expressivos resultados, é o fator pessoas. Como toda empresa, a mão de obra qualificada e preparada é um fator que impulsiona diretamente na produtividade. Podemos trabalhar com a melhor genética, a melhor nutrição, melhores instalações, porém se a equipe não está alinhada e nem comprometida, não chegaremos aos 35 DFA, talvez nem nos 30.
Em todas as granjas de alta produtividade é possível ver uma equipe alinhada, que tem suas tarefas claras e bem definidas, sabem o que, e porque devem fazer aquele manejo. Nesses modelos de granja, a equipe trabalha com conhecimento dos números, sabem quantos leitões na semana precisam entregar, quantas porcas precisam cobrir e principalmente têm ciência da importância de cada um no processo de produção da granja
Devemos estar atentos pois os paradigmas estão mudando a cada dia, e precisamos estar um passo à frente para acompanhar tantas mudanças. Diariamente, uma nova ferramenta tecnológica é lançada no mercado com o intuito de nos ajudar a ser mais e mais produtivos. Precisamos incorporá-las a nossa rotina, e assim estaremos preparados para seguir em frente e acompanhar tamanhas mudanças.
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